A Declaração Ministerial intitulada
“Chamado urgente para uma ação decisiva sobre a água” foi aprovada na tarde de
terça-feira (20 de março), durante sessão no Centro de Convenções Ulysses
Guimarães, em Brasília. O documento é fruto dos debates entre ministros e
chefes de delegação de mais de 100 países que participaram da Conferência
Ministerial, parte do processo político do 8º Fórum Mundial da Água.
A declaração reconhece que todos os
países precisam tomar medidas urgentes para enfrentar os desafios relacionados
à água e ao saneamento, estabelecendo algumas ações consideradas prioritárias.
O documento aponta também que as
parcerias formadas durante o 8º Fórum são fundamentais para implementar as
ações.
Veja abaixo a íntegra da declaração:
Declaração
ministerial
Um chamado urgente para uma ação
decisiva sobre a água
Nós, ministros e chefes de delegação,
reunidos em Brasília, Brasil, nos dias 19 e 20 de março de 2018, durante a Conferência
Ministerial do 8º Fórum Mundial da Água – “Compartilhando Água”,
Reconhecendo que:
A Declaração do Rio Sobre Meio
Ambiente e Desenvolvimento, adotada em 1992; o documento final da Conferência
das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável intitulado “O futuro que
queremos”, adotado em 2012; a Agenda 2030 para o desenvolvimento sustentável e
seus objetivos de desenvolvimento sustentável (ODS), adotados em 2015; o Quadro
Sendai para redução do risco de desastres 2015-2030, adotado em 2015; o Acordo de
Paris aprovado nos termos da convenção-quadro das Nações Unidas sobre mudança
do clima em 2015; e a “Nova Agenda Urbana” (Habitat III), adotada em 2016,
representam marcos importantes na abordagem dos desafios globais de
desenvolvimento sustentável;
Os países reafirmaram, no documento
final da conferência das nações unidas sobre desenvolvimento sustentável, Rio +
20, seus compromissos em relação aos direitos humanos à água potável e ao
saneamento, para serem progressivamente implementados para suas populações com
pleno respeito à soberania nacional;
A água é um elemento transversal do
desenvolvimento sustentável e no desafio da erradicação da pobreza; os recursos
hídricos são indispensáveis para todos os seres vivos e para viver em harmonia
e em equilíbrio com o planeta e seus ecossistemas, reconhecidos por algumas
culturas como “mãe terra”;
Todos os países precisam tomar
medidas urgentes para enfrentar os desafios relacionados à água e ao
saneamento;
A cooperação em todos os níveis e em
todos os setores e partes interessadas, incluindo o compartilhamento de
conhecimento, experiências, inovação e, quando apropriado, soluções é
fundamental para promover a gestão sustentável da água e explorar sinergias com
os diversos aspectos da Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável relacionados
à água;
O papel fundamental das Nações Unidas
na promoção da cooperação internacional da água em nível global. Vários dos
princípios das convenções globais relevantes sobre a água podem ser úteis a
este respeito;
Os esforços e as iniciativas tomadas
em todos os níveis devem promover a participação adequada e inclusiva de todas
as partes interessadas relevantes, em particular os mais vulneráveis e
incluindo as comunidades locais, os povos indígenas, os jovens, as meninas e as
mulheres e aqueles afetados pela escassez de água;
O ciclo hidrológico global, os
processos geológicos, o clima, os oceanos e os ecossistemas são altamente
interdependentes e todos eles devem ser levados em consideração na adoção de
abordagens interdisciplinares, integradas e sustentáveis para a gestão da água;
O Painel Global de Alto Nível sobre
água e paz emitiu seu relatório;
O Fórum Mundial da Água, desde a sua
primeira convocação em Marraquexe, em 1997, vem contribuindo para o
desenvolvimento de um entendimento comum e para o diálogo internacional sobre a
água e promovendo ações locais, regionais e nacionais de gestão de recursos
hídricos integrados e sustentáveis em todo o mundo.
Nós saudamos:
1. O impulso fornecido pela Agenda 2030
para o Desenvolvimento Sustentável, em particular o ODS 6, ao 8º Fórum Mundial DA
Água para promover ações sobre iniciativas relacionadas à água e saneamento;
2. O estabelecimento do painel de
alto nível sobre a água, convocado pelo secretário-geral das nações unidas e o
presidente do banco mundial, e sua contribuição, tomando nota da publicação de
seu relatório, que inspira e promove uma abordagem integrada em todos os
governos e uma nova agenda para a ação sobre água;
3. A adoção, em 23 de dezembro de
2016, da Resolução da Assembleia Geral das Nações Unidas sobre a Década
Internacional para a Ação, água para o desenvolvimento sustentável, 2018-2028,
tomando nota da convocação, de acordo com seu parágrafo 12, de dois diálogos de
trabalho para discutir o aprimoramento da integração e coordenação do trabalho
das Nações Unidas sobre objetivos e metas relacionadas à água;
4. As contribuições significativas do
7º fórum mundial da água na república da coréia, a cúpula da água de budapeste
e a semana da água de estocolmo para a preparação do 8º fórum mundial da água;
5. A adoção em 2017 pela assembleia
ambiental da onu do programa das nações unidas para o meio ambiente da
resolução “resolvendo os problemas de poluição da água para proteger e
restaurar os ecossistemas relacionados à água”;
6. A contribuição de todas as partes
interessadas, incluindo governos, sociedade civil, academia, povos indígenas e
comunidades locais e setor privado, para o desenvolvimento e implementação de
políticas positivas e proativas e cooperação em questões de água, bem como de
soluções que podem ser compartilhadas entre os países e entre as partes
interessadas, com base na perspectiva fonte-ao-mar e usando a água como um
conector;
7. O trabalho dos subprocessos de
governos nacionais; autoridades locais e regionais; parlamentares; e juízes e
promotores do 8º fórum mundial da água e sua contribuição para o diálogo sobre
questões relacionadas com a água;
8. O desenvolvimento de estratégias
potenciais para aprimorar os meios de implementação, como finanças,
capacitação, educação e transferência voluntária de tecnologia em termos
mutuamente acordados, para apoiar o desenvolvimento de usos sustentáveis da
água, incluindo recursos hídricos não convencionais;
9. O envolvimento do setor privado e
das empresas de propriedade pública para continuar ou melhorar a adoção de
medidas de sustentabilidade relacionadas à água e saneamento eficientes,
inclusive por meio de compromissos concretos e de acordo com as leis nacionais
de água;
10. A participação formal de juízes e
promotores pela primeira vez no Fórum Mundial Da Água, enriquecendo as
discussões que se beneficiaram da participação dos governos nacionais;
autoridades locais e regionais, conforme aplicável; e parlamentares;
11. Os resultados e o acompanhamento
das ações voluntárias do “Roteiro de Implementação” adotado no 7º Fórum Mundial
da Água; 12. A convocação das Rodadas Ministeriais do 8º Fórum Mundial da Água,
tomando nota dos relatórios dos moderadores, preparados sob sua própria
responsabilidade.
Apresentamos um apelo urgente para
uma ação decisiva sobre a água e declaramos que agora é hora de:
13. Renovar e reforçar o empenho
político para garantir a implementação de ações imediatas e efetivas para
superar os desafios relacionados à água e ao saneamento, em particular a
escassez de água no contexto da adaptação à mudança do clima, e alcançar os
objetivos do desenvolvimento sustentável relacionados e suas metas;
14. Convidar o fórum político de alto
nível sobre desenvolvimento sustentável (HLPF) a tomar nota, na sua revisão dos
objetivos do desenvolvimento sustentável, incluindo o ODS 6, dos resultados dos
processos políticos, temáticos, regionais, de sustentabilidade e de cidadania
do 8º Fórum Mundial da Água;
15. Convidar o sistema das Nações
Unidas a fortalecer seu apoio aos países em matéria de água e a melhorar a integração
e coordenação do trabalho das nações unidas sobre os objetivos e metas
relacionados à água no âmbito do seu pilar de desenvolvimento sustentável;
16. Incentivar os governos a
estabelecer ou fortalecer políticas e planos nacionais de gestão integrada de
recursos hídricos, incluindo estratégias de adaptação à mudança do clima, com
vistas a alcançar um acesso universal e equitativo à água potável segura e
acessível, a um saneamento adequado e equitativo e à redução da poluição da
água, e para proteger e restaurar os ecossistemas relacionados com a água, em
linha com o ODS 6;
17. Apoiar o fortalecimento de
acordos institucionais de água nacionais e, quando apropriado, subnacionais
transparentes, eficazes, inclusivos e responsáveis, com a participação de todas
as partes interessadas e a consideração das circunstâncias locais no processo
de elaboração de políticas, ao mesmo tempo que promove as parcerias
necessárias, a construção de confiança, a troca e compartilhamento de
informações e experiências entre atores públicos, privados e da sociedade
civil;
18. Mobilizar e alocar recursos
financeiros suficientes de múltiplas fontes para a promoção e o investimento em
gestão integrada e sustentável da água, especialmente orientada para os países
em desenvolvimento e abordando seus desafios, vulnerabilidades e riscos
específicos, incluindo redução de risco de desastres;
19. Desenvolver e compartilhar
soluções, incluindo a gestão integrada de recursos hídricos e soluções baseadas
na natureza, quando aplicável, para enfrentar os desafios mais urgentes de água
e saneamento, por meio da pesquisa e inovação, aprimorando a cooperação em
capacitação e transferência de tecnologia e outros meios de implementação e
considerando o impacto da mudança do clima;
20. Incentivar a cooperação
transfronteiriça com base em soluções vantajosas para todos, de acordo com o
direito internacional aplicável, nomeadamente os instrumentos relevantes
bilaterais, regionais e internacionais de que os países são parte;
21. Reforçar a necessidade urgente de
respeitar o direito de todos os seres humanos, independentemente da sua
situação e localização, à água potável e ao saneamento como direitos humanos
fundamentais, previstos no direito internacional dos direitos humanos, no
direito internacional humanitário e nas convenções internacionais pertinentes,
conforme aplicável;
22. Promover o potencial da geração
jovem como agentes de mudança e inovação na busca de soluções para desafios de
água e saneamento e implementar e compartilhar políticas de educação e melhores
práticas em água e saneamento, beneficiando-se de centros internacionais
existentes e da expertise e rede da UNESCO, incluindo o programa hidrológico
internacional;
23. Aproveitar as redes e parcerias
formadas durante o 8º Fórum Mundial da Água, em seus diversos processos, para
promover a implementação desta declaração.
8º fórum mundial da água
O 8º fórum mundial da água é
organizado no Brasil pelo Conselho Mundial da Água (WWC), pelo Ministério do Meio
Ambiente (MMA), representado pela Agência Nacional de Águas (ANA), e pelo
governo do Distrito Federal, representado pela Agência Reguladora de Águas,
Energia e Saneamento Básico do Distrito Federal (ADASA). A Associação
Brasileira da Infraestrutura e Indústrias de Base (ABDIB) é integrante do Comitê
Organizador Nacional (CON).
O evento é patrocinado por: Petrobras,
Funasa, Caixa, Fundação Banco do Brasil, Eletrobrás, Sabesp, Coca-Cola, Ama (AMBEV),
BNDES, Itaipu Binacional e BRK Ambiental. O Banco do Brasil é um dos
apoiadores.
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