quarta-feira, 28 de março de 2018

MATÉRIA PARA A PROVA BIMESTRAL 1-2018

A matéria para a Prova Bimestral 1-2018 é a seguinte:

- O ciclo da água.
- Propriedades físicas dos solos.
- Infiltração.
- Aquíferos.
- Fluxos de água subterrânea.
- Conteúdo do Exercício Avaliativo 1.
- 8º Fórum Mundial da Água e Fórum Alternativo Mundial da Água.

Bons estudos!

8º FÓRUM MUNDIAL DA ÁGUA

Declaração do 8º Fórum Mundial da Água

A Declaração Ministerial intitulada “Chamado urgente para uma ação decisiva sobre a água” foi aprovada na tarde de terça-feira (20 de março), durante sessão no Centro de Convenções Ulysses Guimarães, em Brasília. O documento é fruto dos debates entre ministros e chefes de delegação de mais de 100 países que participaram da Conferência Ministerial, parte do processo político do 8º Fórum Mundial da Água.
A declaração reconhece que todos os países precisam tomar medidas urgentes para enfrentar os desafios relacionados à água e ao saneamento, estabelecendo algumas ações consideradas prioritárias.
O documento aponta também que as parcerias formadas durante o 8º Fórum são fundamentais para implementar as ações.

Veja abaixo a íntegra da declaração:

Declaração ministerial
Um chamado urgente para uma ação decisiva sobre a água

Nós, ministros e chefes de delegação, reunidos em Brasília, Brasil, nos dias 19 e 20 de março de 2018, durante a Conferência Ministerial do 8º Fórum Mundial da Água – “Compartilhando Água”,

Reconhecendo que:
A Declaração do Rio Sobre Meio Ambiente e  Desenvolvimento, adotada em 1992; o documento final da Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável intitulado “O futuro que queremos”, adotado em 2012; a Agenda 2030 para o desenvolvimento sustentável e seus objetivos de desenvolvimento sustentável (ODS), adotados em 2015; o Quadro Sendai para redução do risco de desastres 2015-2030, adotado em 2015; o Acordo de Paris aprovado nos termos da convenção-quadro das Nações Unidas sobre mudança do clima em 2015; e a “Nova Agenda Urbana” (Habitat III), adotada em 2016, representam marcos importantes na abordagem dos desafios globais de desenvolvimento sustentável;
Os países reafirmaram, no documento final da conferência das nações unidas sobre desenvolvimento sustentável, Rio + 20, seus compromissos em relação aos direitos humanos à água potável e ao saneamento, para serem progressivamente implementados para suas populações com pleno respeito à soberania nacional;
A água é um elemento transversal do desenvolvimento sustentável e no desafio da erradicação da pobreza; os recursos hídricos são indispensáveis para todos os seres vivos e para viver em harmonia e em equilíbrio com o planeta e seus ecossistemas, reconhecidos por algumas culturas como “mãe terra”;
Todos os países precisam tomar medidas urgentes para enfrentar os desafios relacionados à água e ao saneamento;
A cooperação em todos os níveis e em todos os setores e partes interessadas, incluindo o compartilhamento de conhecimento, experiências, inovação e, quando apropriado, soluções é fundamental para promover a gestão sustentável da água e explorar sinergias com os diversos aspectos da Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável relacionados à água;
O papel fundamental das Nações Unidas na promoção da cooperação internacional da água em nível global. Vários dos princípios das convenções globais relevantes sobre a água podem ser úteis a este respeito;
Os esforços e as iniciativas tomadas em todos os níveis devem promover a participação adequada e inclusiva de todas as partes interessadas relevantes, em particular os mais vulneráveis e incluindo as comunidades locais, os povos indígenas, os jovens, as meninas e as mulheres e aqueles afetados pela escassez de água;
O ciclo hidrológico global, os processos geológicos, o clima, os oceanos e os ecossistemas são altamente interdependentes e todos eles devem ser levados em consideração na adoção de abordagens interdisciplinares, integradas e sustentáveis para a gestão da água;
O Painel Global de Alto Nível sobre água e paz emitiu seu relatório;
O Fórum Mundial da Água, desde a sua primeira convocação em Marraquexe, em 1997, vem contribuindo para o desenvolvimento de um entendimento comum e para o diálogo internacional sobre a água e promovendo ações locais, regionais e nacionais de gestão de recursos hídricos integrados e sustentáveis em todo o mundo.

Nós saudamos:
1. O impulso fornecido pela Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável, em particular o ODS 6, ao 8º Fórum Mundial DA Água para promover ações sobre iniciativas relacionadas à água e saneamento;
2. O estabelecimento do painel de alto nível sobre a água, convocado pelo secretário-geral das nações unidas e o presidente do banco mundial, e sua contribuição, tomando nota da publicação de seu relatório, que inspira e promove uma abordagem integrada em todos os governos e uma nova agenda para a ação sobre água;
3. A adoção, em 23 de dezembro de 2016, da Resolução da Assembleia Geral das Nações Unidas sobre a Década Internacional para a Ação, água para o desenvolvimento sustentável, 2018-2028, tomando nota da convocação, de acordo com seu parágrafo 12, de dois diálogos de trabalho para discutir o aprimoramento da integração e coordenação do trabalho das Nações Unidas sobre objetivos e metas relacionadas à água;
4. As contribuições significativas do 7º fórum mundial da água na república da coréia, a cúpula da água de budapeste e a semana da água de estocolmo para a preparação do 8º fórum mundial da água;
5. A adoção em 2017 pela assembleia ambiental da onu do programa das nações unidas para o meio ambiente da resolução “resolvendo os problemas de poluição da água para proteger e restaurar os ecossistemas relacionados à água”;
6. A contribuição de todas as partes interessadas, incluindo governos, sociedade civil, academia, povos indígenas e comunidades locais e setor privado, para o desenvolvimento e implementação de políticas positivas e proativas e cooperação em questões de água, bem como de soluções que podem ser compartilhadas entre os países e entre as partes interessadas, com base na perspectiva fonte-ao-mar e usando a água como um conector;
7. O trabalho dos subprocessos de governos nacionais; autoridades locais e regionais; parlamentares; e juízes e promotores do 8º fórum mundial da água e sua contribuição para o diálogo sobre questões relacionadas com a água;
8. O desenvolvimento de estratégias potenciais para aprimorar os meios de implementação, como finanças, capacitação, educação e transferência voluntária de tecnologia em termos mutuamente acordados, para apoiar o desenvolvimento de usos sustentáveis da água, incluindo recursos hídricos não convencionais;
9. O envolvimento do setor privado e das empresas de propriedade pública para continuar ou melhorar a adoção de medidas de sustentabilidade relacionadas à água e saneamento eficientes, inclusive por meio de compromissos concretos e de acordo com as leis nacionais de água;
10. A participação formal de juízes e promotores pela primeira vez no Fórum Mundial Da Água, enriquecendo as discussões que se beneficiaram da participação dos governos nacionais; autoridades locais e regionais, conforme aplicável; e parlamentares;
11. Os resultados e o acompanhamento das ações voluntárias do “Roteiro de Implementação” adotado no 7º Fórum Mundial da Água; 12. A convocação das Rodadas Ministeriais do 8º Fórum Mundial da Água, tomando nota dos relatórios dos moderadores, preparados sob sua própria responsabilidade.
Apresentamos um apelo urgente para uma ação decisiva sobre a água e declaramos que agora é hora de:
13. Renovar e reforçar o empenho político para garantir a implementação de ações imediatas e efetivas para superar os desafios relacionados à água e ao saneamento, em particular a escassez de água no contexto da adaptação à mudança do clima, e alcançar os objetivos do desenvolvimento sustentável relacionados e suas metas;
14. Convidar o fórum político de alto nível sobre desenvolvimento sustentável (HLPF) a tomar nota, na sua revisão dos objetivos do desenvolvimento sustentável, incluindo o ODS 6, dos resultados dos processos políticos, temáticos, regionais, de sustentabilidade e de cidadania do 8º Fórum Mundial da Água;
15. Convidar o sistema das Nações Unidas a fortalecer seu apoio aos países em matéria de água e a melhorar a integração e coordenação do trabalho das nações unidas sobre os objetivos e metas relacionados à água no âmbito do seu pilar de desenvolvimento sustentável;
16. Incentivar os governos a estabelecer ou fortalecer políticas e planos nacionais de gestão integrada de recursos hídricos, incluindo estratégias de adaptação à mudança do clima, com vistas a alcançar um acesso universal e equitativo à água potável segura e acessível, a um saneamento adequado e equitativo e à redução da poluição da água, e para proteger e restaurar os ecossistemas relacionados com a água, em linha com o ODS 6;
17. Apoiar o fortalecimento de acordos institucionais de água nacionais e, quando apropriado, subnacionais transparentes, eficazes, inclusivos e responsáveis, com a participação de todas as partes interessadas e a consideração das circunstâncias locais no processo de elaboração de políticas, ao mesmo tempo que promove as parcerias necessárias, a construção de confiança, a troca e compartilhamento de informações e experiências entre atores públicos, privados e da sociedade civil;
18. Mobilizar e alocar recursos financeiros suficientes de múltiplas fontes para a promoção e o investimento em gestão integrada e sustentável da água, especialmente orientada para os países em desenvolvimento e abordando seus desafios, vulnerabilidades e riscos específicos, incluindo redução de risco de desastres;
19. Desenvolver e compartilhar soluções, incluindo a gestão integrada de recursos hídricos e soluções baseadas na natureza, quando aplicável, para enfrentar os desafios mais urgentes de água e saneamento, por meio da pesquisa e inovação, aprimorando a cooperação em capacitação e transferência de tecnologia e outros meios de implementação e considerando o impacto da mudança do clima;
20. Incentivar a cooperação transfronteiriça com base em soluções vantajosas para todos, de acordo com o direito internacional aplicável, nomeadamente os instrumentos relevantes bilaterais, regionais e internacionais de que os países são parte;
21. Reforçar a necessidade urgente de respeitar o direito de todos os seres humanos, independentemente da sua situação e localização, à água potável e ao saneamento como direitos humanos fundamentais, previstos no direito internacional dos direitos humanos, no direito internacional humanitário e nas convenções internacionais pertinentes, conforme aplicável;
22. Promover o potencial da geração jovem como agentes de mudança e inovação na busca de soluções para desafios de água e saneamento e implementar e compartilhar políticas de educação e melhores práticas em água e saneamento, beneficiando-se de centros internacionais existentes e da expertise e rede da UNESCO, incluindo o programa hidrológico internacional;
23. Aproveitar as redes e parcerias formadas durante o 8º Fórum Mundial da Água, em seus diversos processos, para promover a implementação desta declaração.

8º fórum mundial da água

O 8º fórum mundial da água é organizado no Brasil pelo Conselho Mundial da Água (WWC), pelo Ministério do Meio Ambiente (MMA), representado pela Agência Nacional de Águas (ANA), e pelo governo do Distrito Federal, representado pela Agência Reguladora de Águas, Energia e Saneamento Básico do Distrito Federal (ADASA). A Associação Brasileira da Infraestrutura e Indústrias de Base (ABDIB) é integrante do Comitê Organizador Nacional (CON).

O evento é patrocinado por: Petrobras, Funasa, Caixa, Fundação Banco do Brasil, Eletrobrás, Sabesp, Coca-Cola, Ama (AMBEV), BNDES, Itaipu Binacional e BRK Ambiental. O Banco do Brasil é um dos apoiadores.


FÓRUM ALTERNATIVO MUNDIAL DA ÁGUA

Declaração final do Fórum Alternativo Mundial da Água (FAMA 2018) reafirma: ‘água não é mercadoria, a água é do povo’

Compreendendo o FAMA como algo maior que um evento, as organizações que convergiram na construção da luta pela água divulgam esta declaração final. O compromisso fundamental é de se manter em luta, enraizar os processos de construção até aqui realizados e manter a mobilização viva.
O documento reafirma a luta contra qualquer privatização e o estabelecimento de propriedade privada da água. O FAMA defende a água como um bem comum, ou seja, que deve ser controlado e estar a serviço do povo, reforçando o lema do encontro: “Água é direito, não mercadoria”.
Assinam o documento 36 organizações. As demais entidades do Brasil.
Confira abaixo a íntegra da declaração:

DECLARAÇÃO FINAL DO FÓRUM ALTERNATIVO MUNDIAL DAS ÁGUAS

Quem somos
Nós, construtores e construtoras do Fórum Alternativo Mundial da Água (FAMA), reunidos de 17 a 22 de março de 2018, em Brasília, declaramos para toda a sociedade o que acumulamos após muitos debates, intercâmbios, sessões culturais e depoimentos ao longo de vários meses de preparação e nestes últimos dias aqui reunidos. Somos mais de 7 mil trabalhadores e trabalhadoras da cidade e do campo, das águas e das florestas, representantes de povos originários e comunidades tradicionais, articulados em 450 organizações nacionais e internacionais de todos os continentes. Somos movimentos populares, tradições religiosas e espiritualidades, organizações não governamentais, universidades, pesquisadores, ambientalistas, organizados em grupos, coletivos, redes, frentes, comitês, fóruns, institutos, articulações, sindicatos e conselhos.
Na grandeza dos povos, trocamos experiências de conhecimento, resistência e de luta. E estamos conscientes que a nossa produção é para garantir a vida e sua diversidade. Estamos aqui criando unidade e força popular para refletir e lutar juntos e juntas pela água e pela vida nas suas variadas dimensões. O que nos faz comum na relação com a natureza é garantir a vida. A nossa luta é a garantia da vida. É isso que nos diferencia dos projetos e das relações do capital expressos no Fórum das Corporações – Fórum Mundial da Água.
Também estamos aqui para denunciar a 8º edição do Fórum Mundial da Água (FMA), o Fórum das Corporações, evento organizado pelo chamado Conselho Mundial da Água, como um espaço de captura e roubo das nossas águas. O Fórum e o Conselho são vinculados às grandes corporações transnacionais e buscam atender exclusivamente a seus interesses, em detrimento dos povos e da natureza.
Nossas constatações sobre o momento histórico
O modo de produção capitalista, historicamente, concentra e centraliza riqueza e poder, a partir da ampliação de suas formas de acumulação, intensificação de seus mecanismos de exploração do trabalho e aprofundamento de seu domínio sobre a natureza, gerando a destruição dos modos de vida. Vivemos em um período de crise do capitalismo e de seu modelo político representado pela ideologia neoliberal, na qual se busca intensificar a transformação dos bens comuns em mercadoria, através de processos de privatização, precificação e financerização.
A persistência desse modelo tem aprofundado as desigualdades e a destruição da natureza, através dos planos de salvamento do capital nos momentos de aprofundamento da crise. Nesse cenário, as ações do capital são orientadas pela manutenção a qualquer custo das suas taxas de juros, lucro e renda.
Esse modelo impõe à América Latina e ao Caribe o papel de produtores de artigos primários e fornecedores de matéria prima, atividades econômicas intensivas em bens naturais e força de trabalho.  Subordina a economia desses países a um papel dependente na economia mundial, sendo alvos prioritários dessa estratégia de ampliação da exploração a qualquer custo.
O Brasil, que sedia esta edição do FAMA, é exemplar nesse sentido. O golpe aplicado recentemente expõe a ação coordenada de corporações com setores do parlamento, da mídia e do judiciário para romper a ordem democrática e submeter o governo nacional a uma agenda que atenda seus interesses rapidamente. A mais dura medida orçamentária do mundo foi implantada em nosso país, onde o orçamento público está congelado por 20 anos, garantindo a drenagem de recursos públicos para o sistema financeiro e criando as bases para uma onda privatizante, incluindo aí a infraestrutura de armazenamento, distribuição e saneamento da água.
Quais são as estratégias das corporações para a água?
Identificamos que o objetivo das corporações é exercer o controle privado da água através da privatização, mercantilização e de sua titularização, tornando-a fonte de acumulação em escala mundial, gerando lucros para as transnacionais e ao sistema financeiro. Para isso, estão em curso diversas estratégias que vão desde o uso da violência direta até formas de captura corporativa de governos, parlamentos, judiciários, agências reguladoras e demais estruturas jurídico-institucionais para atuação em favor dos interesses do capital. Há também uma ofensiva ideológica articulada junto aos meios de comunicação, educação e propaganda que buscam criar hegemonia na sociedade contrária aos bens comuns e a favor de sua transformação em mercadoria.
O resultado desejado pelas corporações é a invasão, apropriação e o controle político e econômico dos territórios, das nascentes, rios e reservatórios, para atender os interesses do agronegócio, hidronegócio, indústria extrativa, mineração, especulação imobiliária e geração de energia hidroelétrica. O mercado de bebida e outros setores querem o controle dos aquíferos. As corporações querem também o controle de toda a indústria de abastecimento de água e esgotamento sanitário para impor seu modelo de mercado e gerar lucros ao sistema financeiro, transformando direito historicamente conquistado pelo povo em mercadoria. Querem ainda se apropriar de todos os mananciais do Brasil, América Latina e dos demais continentes para gerar valor e transferir riquezas de nossos territórios ao sistema financeiro, viabilizando o mercado mundial da água
Denunciamos as transnacionais Nestlé, Coca-Cola, Ambev, Suez, Veolia, Brookfield (BRK Ambiental), Dow AgroSciences, Monsanto, Bayer, Yara, os organismos financeiros multilaterais, como o Banco Mundial e o Fundo Monetário Internacional, e ONGs ambientalistas de mercado, como The Nature Conservancy e Conservation International, entre outras que expressam o caráter do “Fórum das Corporações”. Denunciamos o crime cometido pela Samarco, Vale e BHP Billiton, que contaminou com sua lama tóxica o Rio Doce, assassinando uma bacia hidrográfica inteira, matando inúmeras pessoas, e até hoje seu crime segue impune. Denunciamos o recente crime praticado pela norueguesa Hydro Alunorte que despejou milhares de toneladas de resíduos da mineração através de canais clandestinos no coração da Amazônia e o assassinato do líder comunitário Sergio Almeida Nascimento que denunciava seus crimes. Exemplos como esses têm se reproduzido por todo o mundo.
Os povos têm sido as vítimas desse avanço do projeto das corporações. As mulheres, povos originários, povos e comunidades tradicionais, populações negras, migrantes e refugiados, agricultores familiares e camponeses e as comunidades periféricas urbanas têm sofrido diretamente os ataques do capital e as consequências sociais, ambientais e culturais de sua ação.
Nos territórios e locais onde houve e/ou existem planos de privatização, aprofundam-se as desigualdades, o racismo, a violência sexual e sobrecarga de trabalho para as mulheres, a criminalização, assassinatos, ameaças e perseguição a lideranças, demissões em massa, precarização do trabalho, retirada e violação de direitos, redução salarial, aumento da exploração, brutal restrição do acesso à água e serviços públicos, redução na qualidade dos serviços prestados à população, ausência de controle social, aumentos abusivos nas tarifas, corrupção, desmatamento, contaminação e envenenamento das águas, destruição das nascentes e rios e ataques violentos aos povos e seus territórios, em especial às populações que resistem às regras impostas pelo capital.
A dinâmica de acumulação capitalista se entrelaça com o sistema hetero-patriarcal, racista e colonial, controlando o trabalho das mulheres e ocultando intencionalmente seu papel nas esferas de reprodução e produção. Nesse momento de ofensiva conservadora, há o aprofundamento da divisão sexual do trabalho e do racismo, causando o aumento da pobreza e da precarização da vida das mulheres.
A violência contra as mulheres é uma ferramenta de controle sobre nossos corpos, nosso trabalho e nossa autonomia. Essa violência se intensifica com o avanço do capital, refletindo-se no aumento de assassinato de mulheres, da prostituição e da violência sexual. Tudo isso impossibilita as mulheres de viver com dignidade e prazer.
Para as diversas religiões e espiritualidades, todas essas injustiças em relação às águas e seus territórios, caracterizam uma dessacralização da água recebida como um dom vital, e dificultam as relações com o Transcendente como horizonte maior das nossas existências.
Destacamos que para os Povos Originários e Comunidades Tradicionais há uma relação interdependente com as águas, e tudo que as atinge, e que todos os ataques criminosos que sofre, repercutem diretamente na existência desses povos em seus corpos e mentes. Esses povos se afirmam como água, pois existe uma profunda unidade entre eles e os rios, os lagos, lagoas, nascentes, mananciais, aquíferos, poços, veredas, lençóis freáticos, igarapés, estuários, mares e oceanos como entidade única. Declaramos que as águas são seres sagrados. Todas as águas são uma só água em permanente movimento e transformação. A água é entidade viva, e merece ser respeitada.
Por fim, constatamos que a entrega de nossas riquezas e bens comuns conduz a destruição da soberania e a autodeterminação dos povos, assim como a perda dos seus territórios e modos de vida.
Mas nós afirmamos: resistimos e venceremos!
Nossa resistência e luta é legítima. Somos os guardiões e guardiãs das águas e defensores da vida. Somos um povo que resiste e nossa luta vencerá todas as estruturas que dominam, oprimem e exploram nossos povos, corpos e territórios. Somos como água, alegres, transparentes e em movimento. Somos povos da água e a água dos povos.
Nestes dias de convívio coletivo, identificamos uma extraordinária diversidade de práticas sociais, com enorme riqueza de culturas, conhecimento e formas de resistência e de luta pela vida. Ninguém se renderá. Os povos das águas, das florestas e do campo resistem e não se renderão ao capital. Assim também tem sido a luta dos povos, dos operários e de todos os trabalhadores e trabalhadoras das cidades que demonstram cada vez maior força. Temos a convicção que só a luta conjunta dos povos poderá derrotar todas as estruturas injustas desta sociedade.
Identificamos que a resistência e a luta têm se realizado em todos os locais e territórios do Brasil e do mundo e estamos convencidos que nossa força deve caminhar e unir-se a grandes lutas nacionais e internacionais. A luta dos povos em defesa das águas é mundial.
Água é vida, é saúde, é alimento, é território, é direito humano, é um bem comum sagrado.
O que propomos
Reafirmamos que as diversas lutas em defesas das águas dizem em alto e bom som que água não é e nem pode ser mercadoria. Não é recurso a ser apropriado, explorado e destruído para bom rendimento dos negócios. Água é um bem comum e deve ser preservada e gerida pelos povos para as necessidades da vida, garantindo sua reprodução e perpetuação. Por isso, nosso projeto para as águas tem na democracia um pilar fundamental. É só por meio de processos verdadeiramente democráticos, que superem a manipulação da mídia e do dinheiro, que os povos podem construir o poder popular, o controle social e o cuidado sobre as águas, afirmando seus saberes, tradições e culturas em oposição ao projeto autoritário, egoísta e destrutivo do capital.
Somos radicalmente contrários às diversas estratégias presentes e futuras de apropriação privada sobre a água, e defendemos o caráter público, comunitário e popular dos sistemas urbanos de gestão e cuidado da água e do saneamento. Por isso saudamos e estimulamos os processos de reestatização de companhias de água e esgoto e outras formas de gestão. Seguiremos denunciando as tentativas de privatização e abertura de Capital, a exemplo do que ocorre no Brasil, onde 18 estados manifestaram interesse na privatização de suas companhias.
Defendemos o trabalho decente, assentado em relações de trabalho democráticas, protegidas e livre de toda forma de precarização. Também é fundamental a garantia do acesso democrático e sustentável à água junto à implementação da reforma agrária e defesa dos territórios, com garantia de produção de alimentos em bases agroecológicas, respeitando as práticas tradicionais e buscando atender a soberania alimentar dos trabalhadores e trabalhadoras urbanos e do campo, florestas e águas.
Estamos comprometidos com a superação do patriarcado e da divisão sexual do trabalho, pelo reconhecimento de que o trabalho doméstico e de cuidados está na base da sustentabilidade da vida. O combate ao racismo também nos une na luta pelo reconhecimento, titulação e demarcação dos territórios dos povos originários e comunidades tradicionais e na reparação ao povo negro e indígena que vive marginalizado nas periferias dos centros urbanos.
Nosso projeto é orientado pela justiça e pela solidariedade, não pelo lucro. Nele ninguém passará sede ou fome, e todos e todas terão acesso à água de qualidade, regular e suficiente bem como aos serviços públicos de saneamento.
Nosso plano de ações e lutas
A profundidade de nossas debates e elaborações coletivas, o sucesso da nossa mobilização, a diversidade do nosso povo e a amplitude dos desafios que precisam ser combatidos nos impulsionam a continuar o enfrentamento ao sistema capitalista, patriarcal, racista e colonial, tendo como referência a construção da aliança e da unidade entre toda a diversidade presente no FAMA 2018.
Trabalharemos, através de nossas formas de luta e organização para ampliar a força dos povos no combate à apropriação e destruição das águas. A intensificação e qualificação do trabalho de base junto ao povo, a ação e a formação política para construir uma concepção crítica da realidade serão nossos instrumentos. O povo deve assumir o comando da luta. Apostamos no protagonismo e na criação heroica dos povos.
Vamos praticar nosso apoio e solidariedade internacional a todos os processos de lutas dos povos em defesa da água denunciam a arquitetura da impunidade, que, por meio dos regimes de livre-comércio e investimentos, concede privilégios às corporações transnacionais e facilitam seus crimes corporativos.
Multiplicaremos as experiências compartilhadas no Tribunal Popular das Mulheres, para a promoção da justiça popular, visibilizando as denúncias dos crimes contra a nossa soberania, os corpos, os bens comuns e a vida das mulheres do campo, das florestas, águas e cidades.
A água é dom que a humanidade recebeu gratuitamente, é direito de todas as criaturas e bem comum. Por isso, nos comprometemos a unir mística e política, fé e profecia em suas práticas religiosas, lutando contra os projetos de privatização, mercantilização e contaminação das águas que ferem a sua dimensão sagrada.
O Fórum Alternativo Mundial da Água (FAMA) apoia, se solidariza e estimulará todos os processos de articulação e de lutas dos povos no Brasil e no mundo, tais como a construção do “Congresso do Povo”, do “Acampamento Terra Livre”, da “Assembleia Internacional dos Movimentos e Organizações dos Povos”, da “Jornada Continental pela Democracia e Contra o Neoliberalismo”; da campanha internacional para desmantelar o poder corporativo e pelo “tratado vinculante” como ferramenta para exigir justiça, verdade e reparação frente aos crimes das transnacionais.
Convocamos todos os povos a lutar juntos para defender a água. A água não é mercadoria. A água é do povo e pelos povos deve ser controlada.
É tempo de esperança e de luta. Só a luta nos fará vencer. Triunfaremos!
Do FAMA 2018, in EcoDebate, ISSN 2446-9394, 23/03/2018

terça-feira, 27 de março de 2018

GABARITO DO EXERCÍCIO AVALIATIVO 2-2018


Abra o livro Hidrologia – Conceitos e Aplicações, de Feitosa & Filho, capítulo 2, para responder as questões que se seguem.
1.            “Em um sistema geológico, a natureza e a distribuição dos aquíferos e aquitardes são controladas pela litologia, estratigrafia e estrutura das formações geológicas.”  Como a litologia pode controlar a natureza e a distribuição dos aquíferos e aquitardes?
A natureza e a distribuição dos aquíferos e aquitardes depende das propriedades físicas das rochas, tais como a sua granulometria, grau de compactação, textura, estrutura, porosidade e permeabilidade. Por exemplo, as rochas sedimentares clásticas de granulometria fina e  as rochas sedimentares de origem química funcionarão como aquitardes, enquanto as rochas de granulometria areia funcionarão como aquíferos.
2.            Tendo em consideração as diferentes rochas sedimentares clásticas (arenitos puros, arenitos siltosos, arenitos argilosos, siltitos, siltitos argilosos, argilitos e argilitos siltosos, separe-os quanto à capacidade de se tornarem aquíferos, aquitardes e aquicludes.
Aquíferos: arenitos e arenitos siltosos.
Aquitardes: arenitos argilosos, siltitos.
Aquicludes: siltitos argilosos, argilitos e argilitos siltosos.
3.            Quando e como as rochas carbonáticas podem se transformar em aquíferos?
Quando rochas carbonáticas foram submetidas a movimentos tectônicos, elas apresentam permeabilidade secundária, pois o faturamento permite a circulação de água nas falhas, fissuras e planos de acamamento. Essa circulação leva, ao longo do tempo, à dissolução do carbonato de cálcio e à formação de grandes espaços, onde a água irá se acumular. Não raro, haverá formação de grandes cavernas e circulação de rios subterrâneos.
4.            Quando e como as rochas metamórficas podem se transformar em aquíferos?
O tectonismo a que foram submetidas todas as rochas metamórficas produz intensa ocorrência de fraturas resultantes das variações de condições a que elas foram submetidas. Daí as fraturas criam uma porosidade secundária e uma permeabilidade que permite a condutividade hidráulica, dando condições ao armazenamento de água.
5.            “Poucas tarefas em hidrogeologia são mais difíceis do que a locação de poços em rochas ígneas e metamórficas”. Justifique a frase anterior e explique em que condições a exploração de água subterrânea em áreas cristalinas se torna importante.
O índice de insucesso na locação de poços em rochas ígneas e metamórficas é muito elevado devido às grandes variações de litologia e estrutura, dificultando as investigações geológica e geofísica: dificuldade em produzir mapeamento detalhado pela ausência de afloramentos e imprecisão dos métodos geofísicos, que não detectam as pequenas fraturas responsáveis pela produção da água nos poços.
Entretanto, em extensas áreas cristalinas, as águas superficiais são escassas e a exploração da água subterrânea é fundamental para a subsistência das pessoas e das suas atividades econômicas. Este é o caso da zona do semiárido do Nordeste do Brasil.

segunda-feira, 26 de março de 2018

FLUXOS DE ÁGUA SUBTERRÂNEA


O fluxo da água no subsolo é controlado pela gravidade, pela força de adesão das partículas, pela capilaridade e pelas propriedades físicas do material. A presença de camadas impermeáveis pode impedir o fluxo tanto para cima como para baixo.
Figura 1 - Tipos de aquíferos
O aquífero A na figura acima é um exemplo de aquífero não confinado, também denominado freático ou livre. Observe como a superfície freática está sob pressão atmosférica, o fluxo é horizontal e o nível da água no poço localizado na posição 7 é virtualmente o mesmo que o nível da água fora do poço. Podemos então dizer que, sob condições de fluxo horizontal, os níveis da água em poços penetrando um aquífero livre representam a posição da superfície do lençol freático em redor desse poço. O termo “não confinado” significa que a superfície freática não está confinada ou impedida de movimentar-se para cima e para baixo, através de materiais menos permeáveis, tais como camadas de argila. Aquíferos não confinados são usualmente os primeiros materiais saturados encontrados em um programa de perfuração. Se esta água tem extensão horizontal limitada, trata-se de um tipo especial de aquífero não confinado, conhecido como aquífero suspenso. As localizações 3 e 4 na figura acima são exemplos de aquíferos suspensos. No caso da localização 4, a superfície do lençol freático intercepta a superfície do solo, produzindo uma nascente surgente temporária. Dependendo da extensão e da espessura saturada, os aquíferos suspensos podem ser fontes adequadas para poços residenciais individuais. Eles são inadequados como fontes para poços municipais bombeando por longos períodos. No campo, deve-se ter muito cuidado para não tomar-se erroneamente esta água não confinada como sendo o aquífero freático principal. Em muitos casos, através de perfuração prévia ou de programas de monitoramento, pode-se ter uma ideia aproximada da profundidade da água. Nestes casos, zonas saturadas encontradas a muitos metros acima da profundidade esperada geralmente significam pertencerem a aquíferos suspensos.
Aquíferos confinados são formações geológicas permeáveis, que são contornadas abaixo e acima por materiais relativamente impermeáveis, e que estão sob pressões maiores do que a pressão atmosférica. Estes estratos de baixa permeabilidade separam os materiais que formam o aquífero de permeabilidade mais alta do contato direto com a pressão atmosférica e impedem o movimento ascendente e descendente da água.
O aquífero B na figura acima ilustra um exemplo de aquífero confinado. A área do afloramento do aquífero na localização 1 é a principal área de recarga. Note que, enquanto B é um aquífero confinado, ele é não confinado na localização 1. Este tipo de aquífero confinado, com sua área de recarga localizada onde o aquífero aflora na superfície, é o exemplo mais comum usado na maioria dos livros-texto de hidrologia de água subterrânea. Meinzer (1923), através de uma publicação clássica do U.S. Geological Survey sobre princípios de água subterrânea, popularizou a ideia de afloramentos como áreas de recarga, para explicar como aquíferos confinados, em geral desenvolvem altas pressões e em alguns casos produzem poços surgentes (localização 5). De fato, como Freeze e Cherry (1979) apontaram, aquíferos que afloram em áreas topograficamente altas não são muito comuns e o modelo de Meinzer do arenito Dakota sobre o processo de recarga regional de água subterrânea tem sido usado em excesso.
A maioria dos aquíferos confinados recebe recarga através de drenança vertical de formações geológicas sobrepostas, como mostram a Figura 2 e a Figura 3.
A Figura 2 mostra um aquífero confinado recebendo recarga de uma formação sobreposta de baixa condutividade hidráulica, a qual representa uma superfície freática de configuração ondulante. Na mesma figura, as linhas tracejadas, que interceptam a superfície do lençol freático em vários pontos, são conhecidas como linhas equipotenciais. As linhas contínuas são chamadas de linhas de fluxo e representam caminhos ao longo dos quais a água flui. As linhas equipotenciais são linhas de igual energia. Existe uma infinidade de linhas equipotenciais e linhas de fluxo entre dois pontos quaisquer considerados. A altura vertical do lençol freático, onde a linha equipotencial a intercepta, é chamada de potencial total ou carga total. Como as linhas de fluxo indicam, a água flui de áreas de maior potencial para áreas de menor potencial.
A água pode fluir descendo ou subindo topograficamente, mas deve sempre descer potencialmente. A diferença em condutividades hidráulicas, de cem para um, entre essas duas formações, resulta em linhas equipotenciais praticamente horizontais, na maior parte da camada confinante superior. Como consequência, o aquífero confinado inferior recebe recarga por meio de fluxo praticamente vertical, através da camada confinante. O fluxo no próprio aquífero confinado é essencialmente horizontal depois da refração das linhas de fluxo na interface do aquitarde (K = 1) e do aquífero (K = 100).
A Figura 2(b) também apresenta uma camada confinante superior, mas sua condutividade hidráulica é somente dez vezes menos que a do aquífero confinado inferior em forma de uma lente. A pequena diferença em condutividades hidráulicas resulta em linhas equipotenciais inclinadas, e em recarga que não é tão vertical como no primeiro caso. As linhas equipotenciais são sempre contínuas, à medida que passam de uma formação geológica para outra. Escolha qualquer linha tracejada acima do aquífero lenticular e siga sua trajetória inclinada na camada confinante, passando a vertical no aquífero confinado. O valor potencial total de qualquer uma dessas linhas é simplesmente a altura, acima de um datum, do lençol freático no ponto de interseção. Nessas figuras, o lençol freático apresenta uma leve e uniforme inclinação da direita para a esquerda. O aquífero confinado e lenticular também produz uma área de descarga no meio da camada confinante superior. A posição dessa área de descarga depende do tamanho e da localização do aquífero lenticular.

A Figura 3 ilustra padrões de recarga, descarga e de fluxo horizontal típicos de talvez um dos casos mais comuns encontrados no campo: um aquífero freático permeável sobre um aquífero confinado que recebe descarga de drenança. A recarga na porção à direita da mesma figura é praticamente vertical através do aquitarde, seguida por um fluxo horizontal para a área de descarga na porção à esquerda da mesma figura. O padrão de fluxo foi gerado utilizando-se um modelo bidimensional de diferenças finitas. As linhas com setas são equipotenciais contínuas passando do aquífero freático superior, através do aquitarde, para o aquífero confinado que recebe drenança.
Quando dados de campo são limitados, os padrões de fluxo complexos em aquíferos não homogêneos, anisotrópicos e de multicamadas só podem ser estimados através de modelos de fluxo multidimensionais. Freeze e Whiterspoon (1966, 1967, 1968) estão entre os primeiros pesquisadores a usarem modelos numéricos de fluxos bidimensionais, para estudarem padrões de dluxo regional de água subterrânea sob condições geológicas não homogêneas. Os artigos desses autores representam contribuições clássicas para o campo da hidrologia de água subterrânea e contribuições pioneiras na área de modelação matemática. 
Superfície Potenciométrica
Os níveis de água nos poços que penetram um aquífero freático sob condições de fluxo horizontal serão iguais ao nível do lençol freático em torno desses poços. Quando esses níveis são unidos, fica definido um plano, chamado de lençol freático ou superfície potenciométrica. Essa superfície móvel descreve não somente o potencial total da água mas é literalmente o contorno físico do lençol freático.
As medidas dos níveis de água em poços que penetram aquíferos confinados correspondem à distribuição da pressão no aquífero. Como nos aquíferos freáticos, esses níveis podem ser conectados para formar uma superfície potenciométrica. Em alguns livros-texto, especialmente nos mais velhos, o termo “superfície piezométrica” é usado em vez de “superfície potenciométrica”. O primeiro termo, “superfície piezométrica”, é aplicado estritamente aos aquíferos confinados. Uma vez que “superfície potenciométrica” pode ser usada para aquíferos confinados e freáticos, é esse o termo adotado pelo United States Geological Survey e pela maioria dos livros-texto mais modernos. Diferentemente do que acontece nos aquíferos freáticos, esta superfície não serve como contorno físico superior do aquífero confinado. De fato, nesses aquíferos, a superfície potenciométrica é uma superfície imaginária que somente tem importância quando o aquífero é perfurado por poços e a água eleva-se naquele poço na medida da pressão daquele local. Desse modo, o nível da água dentro de um poço penetrando um aquífero confinado define a altura da superfície potenciométrica naquele local.
O contorno físico superior dos aquíferos confinados é a parte inferior da própria camada confinante. A superfície potenciométrica pode encontrar-se em qualquer ponto, desde imediatamente acima do limite inferior da camada confinante superior até acima da superfície do solo. O formato da superfície potenciométrica depende da geologia; do tipo de recarga (se é por afloramento ou por drenança vertical dos aquíferos superiores) e da influência e das taxas de  bombeamento dos poços de extração/injeção.

Figura 4 - Esquema representando diferentes superfícies potenciométricas.
A Figura 4 é uma seção transversal de três aquíferos confinados drenantes e um aquífero livre. As linhas tracejadas numeradas 1,2 e 3 são respectivamente superfícies potenciométricas para os aquíferos confinados 1,2,e 3, ao passo que a superfície do lençol freático é descrita por uma linha contínua. A água subterrânea está sempre em movimento de áreas de potencial maior para áreas de potencial menor. À medida que a água flui através de um aquífero, ela perde potencial ao tentar superar a resistência friccional oferecida pela formação geológica. A perda de energia é refletida através do gradiente da superfície potenciométrica. Sob condições naturais, na ausência de bombeamento, a inclinação da superfície potenciométrica é inversamente proporcional à condutividade hidráulica e à espessura do aquífero. Para uma espessura constante do aquífero, um gradiente alto ou uma inclinação acentuada indica uma formação de baixa permeabilidade (por exemplo, uma argila arenosa).
As elevações das superfícies potenciométricas são medidas comumente em metros, a partir de um datum único (por exemplo, a elevação do nível médio do mar num local específico) e são dados por HLF, H1, H2 e H3 na Figura 4.
Relação entre a água superficial e a água subterrânea
Sabe-se que, pelas diversas interligações existentes, que a água superficial pode transformar-se em água subterrânea através da infiltração da água de chuva, do excesso de água de irrigação, da percolação proveniente de rios, canais e lagos, como também através de recarga artificial. Por outro lado, a água subterrânea pode transformar-se em água superficial através de descarga de base de rios, escoamento em fontes e drenagem agrícola. Um rio pode alimentar um aquífero subterrâneo ou ser alimentado por ele. No primeiro caso o rio é chamado de rio influente e no segundo caso de rio efluente.

No caso do rio influente, a cota do nível da água do rio é superior à cota potenciométrica do aquífero. Para o rio efluente, a cota do nível da água é menor que a cota potenciométrica do aquífero.
Tempo de residência  em aquíferos
Geralmente, quanto mais profundo um aquífero, maior o tempo que uma partícula de água leva para viajar de uma área de recarga para uma área de descarga. Durante este longo período, a água dissolve lentamente o material geológico, tornando-se rica em minerais. Isto explica porque da água de aquíferos profundos apresentar altos níveis de sólidos dissolvidos.
Estima-se que o tempo de residência médio da água subterrânea seja 200 anos, se estiver a menos de 800 m da superfície e 10.000 anos se estiver abaixo desta profundidade.
Altos tempos de residência significam baixas taxas de recarga em grandes aquíferos. Esses aquíferos podem levar séculos para se descontaminarem através de processos naturais de descarga.
O tempo de residência da água num aquífero é
T =V/Q, onde
T=Tempo de Residência,
V=Volume do Aquífero e
Q=Razão de Recarga Volumétrica
Figura 6 - Tempo de residência em aquíferos.

Bacias e divisores de água subterrânea

Uma bacia hidrográfica é uma área delimitada topograficamente, drenada por um único rio. Dentro de uma bacia hidrográfica, podem existir muitos tributários menores drenando a bacia, mas, sob condições naturais, toda a água que se precipita no interior da área delimitada deve tanto fluir para fora desta, num determinado local, como deixar a área através da evapotranspiração. A água que se precipita fora dos limites definidos entra em outra bacia hidrográfica.

A Figura 7 mostra uma bacia subterrânea definida por divisores de água subterrânea. Um divisor de água subterrânea separa dois corpos de água subterrânea, de tal modo que não existe intercâmbio entre eles. Os divisores de água subterrânea separam tipicamente vales drenados por rios principais. Similar ao que acontece nas bacias hidrográficas superficiais, um único rio recebe e escoa toda a água subterrânea de uma bacia subterrânea.

Mapas potenciométricos e redes de fluxo
Como o nome indica, os mapas potenciométricos são plotagens de contorno do potencial de um aquífero. Similares aos mapas topográficos de superfície, esses mapas indicam a variação do potencial da água numa dada seção transversal (vertical ou horizontal) do aquífero. Os mapas potenciométricos requerem que o potencial varie somente em duas dimensões e que todos os dados pertençam ao mesmo aquífero.
Figura 7 - Bacia subterrânea definida por divisores de água subterrânea.

Mapas potenciométricos e redes de fluxo
Como o nome indica, os mapas potenciométricos são plotagens de contorno do potencial de um aquífero. Similares aos mapas topográficos de superfície, esses mapas indicam a variação do potencial da água numa dada seção transversal (vertical ou horizontal) do aquífero. Os mapas potenciométricos requerem que o potencial varie somente em duas dimensões e que todos os dados pertençam ao mesmo aquífero.
Figura 8 - Mapa potenciométrico.