Salvo uma
reportagem ou outra, pouco tem sido dito sobre o “segundo front da seca” que
ameaça São Paulo.
O Sistema
Alto Tietê está secando cada vez mais rápido.
O segundo
maior complexo de reservatórios destinados ao abastecimento da Grande SP, que
está servindo como “complemento” para áreas antes conectadas ao Sistema
Cantareira, para reduzir a retirada de água na situação de emergência em que
este se encontra, não está suportando nem o acréscimo inicial feito há meses e,
muito menos, as novas sangrias feitas a partir do novo agravamento da crise.
O Tietê
representa metade da produção do Cantareira e leva 15 m³/s à estação de
Taiaçupeba.
A queda no
sistema passou de 0,1% ( meio bilhão de litros) por dia para 0,2% e, nos
últimos dias, já bateu em 0,3%, ou 1,5 bilhão de litros a menos, diariamente.
Restam
24,3% dos reservatórios, ou cerca de 100 bilhões de litros.
O estado
da represa de Jundiaí é este que você vê aí na foto.
E a
situação é o que descreve a repórter Sabrina Pacca, num relato do qual
transcrevo um trecho de poucos dias atrás, publicado há dias:
“É
desolador o cenário das cinco barragens que compõem o Sistema Produtor Alto
Tietê (Spat). Uma imensidão de área, antes alagada, hoje vazia. A sensação, em
alguns pontos, é de se observar um pântano. Em outros, de caatinga. Os peixes
desapareceram, para desgosto dos pescadores. Moradores já se veem podendo usar,
a pé ou a cavalo, antigas estradas que estavam debaixo d´água há mais de 20
anos e que, com a estiagem, reapareceram, a exemplo da barragem do Rio Jundiaí,
onde a realidade é a mais impressionante delas.
Pela
terceira vez, nesse semestre, a reportagem de “O Diário”percorreu as cinco
represas do Spat. Elas nunca estiveram tão secas e as comunidades que vivem no
entorno nunca estiveram tão assustadas. Parece que o temor pela falta de água
nas torneiras tomou conta daquelas pessoas, mais próximas a essas paisagens
angustiantes.
“Todo
mundo deveria visitar aqui. A Prefeitura deveria fazer excursões. Só vendo o
que a gente vê, todos os dias, para que se tome consciência de que a água vai
acabar mesmo e que vamos sofrer demais. É o sinal do fim dos tempos e está na
Bíblia. Não tem jeito, a gente tem que economizar, pelo amor de Deus”, rogou o
borracheiro, Elias Souza Alves, de 55 anos, que trabalha às margens da represa
de Taiaçupeba, em Jundiapeba, que tem uma área de inundação de 19,36 km². (…)”
Como se
trata da água que vai abastecer uma “pequena cidade”, São Paulo, e pouquíssima
gente, apenas 4,5 milhões de pessoas, a gente tem de recorrer ao bravo Diário
de Mogi, onde trabalha a repórter, e a seu fotógrafo Edson Martins, para ver e
entender o que está se passando.
Não é
assunto para um Jornal Nacional, não é?
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